O mercado de trabalho americano acelerou novamente, surpreendendo as expectativas. Em abril, foram criados 253 mil empregos nos EUA, 88 mil a mais do que em março (165 mil). O número de contratações continua bem acima da média de 2019, período pré-pandemia, que era de 164 mil vagas mensais. A taxa de desemprego encolheu para 3,4%, mínimo da série dos últimos 50 anos, alcançado também no mês de janeiro deste ano, reforçando aquecimento do mercado de trabalho. O ganho por hora trabalhada acelerou no mês e segue alto, em 12 meses acumula aumento de 4,4%.

Outra pesquisa divulgada esta semana mostrou que o número de vagas em aberto diminuiu, mas segue elevado quando comparado ao número de desempregados. Este cenário leva a uma competição por trabalhadores, o que eleva salários acima da produtividade e pressiona a inflação.

O Fed elevou a taxa de juros em mais 0,25 ponto percentual esta semana e sinalizou um possível fim do ciclo de ajuste em linha com as projeções de membros do comitê de política monetária divulgadas em março. Apesar de estar no fim do ciclo, ou próximo dele, o presidente do Banco, Jerome Powell, voltou a afirmar que não prevê corte de juros por algum tempo.

A comunicação do Fed corrobora nossa visão de que a taxa de juros americana deve permanecer no nível atual, ou um pouco acima, por longo tempo. A demanda segue forte e deve demorar algum tempo para ceder. O mercado de trabalho deve desacelerar lentamente. A inflação segue pressionada por elevações de salários acima dos ganhos de produtividade. Não esperamos que os juros americanos caiam antes de meados de 2024. No entanto, reconhecemos que o início do corte de juros pelo Fed pode ser antecipado caso haja um aperto de crédito mais intenso decorrente do colapso de alguns bancos regionais nos EUA.

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