Janeiro Branco: arquitetas explicam como os ambientes residenciais e comerciais podem interferir na saúde mental

Brasil é o país com maior número de indivíduos ansiosas e o segundo das Américas com mais pessoas depressivas, segundo a OMS

Postado segunda-feira 16/01/2023 por Redação

Janeiro Branco: arquitetas explicam como os ambientes residenciais e comerciais podem interferir na saúde mental
Janeiro Branco: arquitetas explicam como os ambientes residenciais e comerciais podem interferir na saúde mental

 


Criado em 2014, o Janeiro Branco é um movimento social dedicado à construção de uma cultura da Saúde Mental na humanidade. Seu objetivo é chamar a atenção das instituições, autoridades e, principalmente, da sociedade civil para questões como ansiedade -- distúrbio o qual o Brasil é o país com maior prevalência no mundo (9,3%), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) -- insônia e depressão.
 

Ainda de acordo com a Organização, o país também é o segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas, equivalente a 5,8% da população, atrás dos Estados Unidos, com 5,9%. O problema afeta 4,4% da população mundial.
 

A neuropsicóloga Cinara Soares, que integra o time de docentes da Academia Brasileira de Neurociência e Arquitetura - NEUROARQ® Academy, empresa de educação especializada na formação de profissionais e disseminação da neurociência aplicada à arquitetura, também conhecida como “neuroarquitetura”, explica que muitos dos sintomas que podem indicar distúrbios psicológicos podem ocorrer por influência do ambiente em que as pessoas vivem e/ou trabalham.
 

“O ser humano é movido por relacionamentos e interação. Seja com outros indivíduos, ou os lugares onde exercemos nossas atividades. Neste sentido, essa interação com seu meio, e espaço em toda a sua constituição, fará parte da sua estruturação como sujeito, afetando sua saúde de maneira geral”, afirma.
 

A arquiteta e co-fundadora da NEUROARQ, Gabi Sartori, explica que ao falar do impacto dos ambientes na saúde mental, é necessário avaliar as condições destes espaços de modo geral. Conforme a especialista, o ambiente nada mais é, senão um reflexo das pessoas que o ocupam. “A depender do momento de vida do indivíduo, dos pensamentos que ele tem e da forma como organiza seus pensamentos e mente, o espaço irá refletir quem nós realmente somos”, explica.
 

A arquiteta acredita que espaços desorganizados, por exemplo, podem indicar mentes desorganizadas. “No entanto, a neurociência explica que, a partir do momento em que as pessoas têm consciência do impacto dos ambientes em suas vidas, é possível utilizá-lo como instrumento para mudanças de comportamento”, reitera.
 

Desenvolvendo ambientes saudáveis
 

Membro do corpo docente da NEUROARQ, o professor canadense Tye Farrow, especialista em arquitetura para área da saúde, defende que não existe ambiente neutro. Para ele, os espaços sempre influenciam as pessoas que o ocupam positiva ou negativamente.
 

Gabi defende que um exercício importante a se fazer é refletir sobre como os lugares ocupados podem interferir na saúde mental. “Devemos sempre nos questionar se eles reforçam hábitos não saudáveis”, observa.
 

A arquiteta afirma que o conceito se expande no âmbito corporativo, os espaços de uma empresa têm o poder interferir tanto na saúde mental, como física dos colaboradores.
 

“Seja a partir da ergonomia que utilizam no seu mobiliário, na iluminação correta que pode auxiliar no ciclo circadiano -- que é a variação nas funções biológicas de diversos seres vivos, repetidas regularmente ao longo de 24 horas -- e até na interação social desses seres.”
 

Benefícios da neurociência aplicada à arquitetura
 

Conforme Gabi, quando aplicada à arquitetura, a neurociência pode melhorar sintomas de ansiedade, depressão e insônia, por meio de pontos de influência que demonstram como a natureza pode auxiliar no bem-estar. Além da natureza, a neurociência aplicada à arquitetura pode utilizar de técnicas que usam formas, cores, iluminação e até frases positivas. “A influência positiva dos elementos naturais em nossas sensações e emoções é um tema constantemente estudado para auxiliar nos tratamentos desses transtornos”, reitera.
 

Para a especialista, quanto mais os profissionais de arquitetura estudarem para quem estão projetando, com questionamentos como “quem são essas pessoas”, “do que elas sofrem” e “quais são as queixas e sintomas que elas têm”, mais será possível entender o que pode ser feito no ambiente para auxiliá-las numa melhoria.


A arquiteta defende que projetos com neurociência aplicada à arquitetura possuem benefícios consideráveis, ante aos que não optam pela técnica. Segundo Gabi, os ganhos são tanto para clientes, como para os profissionais.
 

“Enquanto os moradores se beneficiam de um projeto pensado para a fim de solucionar as suas questões pessoais e psicológicas, com elementos que impactem positivamente suas emoções e bem-estar, o arquiteto terá um briefing mais assertivo. Isso, consequentemente, reduzirá o número de revisões e readequações e, mais que isso, ele terá a satisfação de entregar àquela pessoa um projeto do qual ela se sente pertencente, incluída e abraçada a todo o momento, algo significativamente importante para a manutenção da saúde mental”, finaliza.

 

Sobre as fundadoras da NEUROARQ® Academy

 


Gabriela Sartori
 

Gabriela Sartori é arquiteta e urbanista, certificada em Neuroscience and Architecture, Design and Urbanism (Newschool, EUA), membro da ACE (ANFA Center Education) - Latin America 2020/21, Instrutora em NeuroDesign no DigitalFUTURES WORLD 2020 - ARCHITECTS UNITE 10th Summer (Tongji University - Xangai/China). É graduada em Comunicação Social e pós-graduada em Arquitetura Comercial pelo Senac, palestrante e consultora de Neurociência e Arquitetura com diversas publicações sobre o tema na mídia. Além disso, Gabriela possui experiência profissional em projetos cenográficos e arquitetônicos, a frente do escritório Sartori Design em São Paulo/SP.

 

 

 

 

Priscilla Bencke

Priscilla Bencke é arquiteta e urbanista, certificada em Neuroscience and Architecture, Design and Urbanism (Newschool, EUA), membro da ACE (ANFA Center Education) - Latin America 2020/21, Instrutora em NeuroDesign no DigitalFUTURES WORLD 2020 - ARCHITECTS UNITE 10th Summer (Tongji University - Xangai/China). É Especialista em Projetos para Ambientes de Trabalho (Gepr. ArbeitsplatzExpertin/ Gepr. BüroEinrichterin), É Especialista em Projetos para Ambientes de Trabalho (Gepr. ArbeitsplatzExpertin/ Gepr. BüroEinrichterin), Consultora internacional de Qualidade em Escritórios (Quality Office Consultant), Pós-graduada em Arquitetura de Interiores e pós-graduada em Neurociências e Comportamento. Além disso, Priscilla é Fundadora da QUALIDADE CORPORATIVA Smart Workplaces®️. Palestrante e Consultora de Neurociência e Arquitetura com diversas publicações sobre o tema na mídia.

 

 

 

NEUROARQ® Academy


By Tangerina Conteúdo
Bianca Brito | Isabella Mendonça

 

Imagens: 01 - Crédito da imagem: Canva

Imagens arquitetas: divulgação

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