Com cerca de 95m², o ambiente convida à contemplação de áreas de relaxamento e convívio sensorial, em um layout que favorece a circulação e múltiplas formas de apropriação.

Inspirado pelo tema da mostra “Semear sonhos”, o espaço propõe transformar o estar em solo fértil para o imaginário, onde o design planta sementes de memórias, inspirações e desejos. Um convite para viver a casa como extensão da alma, em que o afeto e a beleza florescem em cada detalhe, com cada canto desenhado para provocar sensações múltiplas, do encantamento à nostalgia, por meio de elementos lúdicos, texturas acolhedoras e objetos simbólicos que reforçam a ideia de um lugar onde os sonhos não apenas nascem, mas se cultivam.

A combinação de referências do maximalismo com estética retrô afetiva e um toque onírico, quase cenográfico, dá forma a uma narrativa visual que une memória e imaginação. Cada elemento foi pensado para surpreender e emocionar, revelando o olhar de uma pessoa sensível e plural, que valoriza afetos, memórias e o prazer de estar em casa. Seja um artista, um colecionador ou um sonhador urbano, esse é um espaço de conexão com o que importa. 

Uma paleta ousada e contrastante, aliada à forte presença do design emocional e de um refúgio sensorial, guia a proposta do espaço. As decisões projetuais partiram de uma imersão no universo das emoções e das histórias, resultando em um ambiente que dialoga com o imaginário. As referências visuais emergem de arquivos pessoais, revistas vintage, filmes e fotografias que remetem a um tempo mais sensível e desacelerado, conectados por uma curadoria intuitiva e afetiva.

Entre os diferenciais, destacam-se a composição inusitada de materiais, como o papel de parede em ramos de algodão aplicados no teto e na chapelaria, arandelas artesanais com fios de juta e os revestimentos usados como se fossem tapetes no piso. A integração entre tecnologia, sustentabilidade e arte, bem como o equilíbrio entre sofisticação e delicadeza explora contrastes e texturas naturais. A paleta cromática foge do óbvio ao combinar tons delicados como azul celeste, rosados e terrosos, com o vermelho vibrante e inesperado das luminárias.

Uma peça especial que compõe o espaço e ganha destaque não apenas pela estética, mas pela forte carga afetiva, é a sopeira de porcelana da década de 1950, herdada da avó da arquiteta. Com pequenos lascados que revelam sua história, ela resgata memórias de encontros em família, cuidado e acolhimento ao redor da mesa. Ao inseri-la no ambiente, a profissional estabelece uma delicada conexão entre passado e presente, resgatando raízes e tradições em meio à proposta contemporânea do projeto, além de prestar uma homenagem sensível a alguém tão especial.

O longo hall de entrada, com dez metros e uma extensa janela, cria um percurso de mistério até revelar uma cozinha com ilha de sete metros, que se conecta ao estar por meio de mobiliário estrategicamente posicionado para incentivar longas conversas e momentos de desconexão. O mobiliário respeita amplas circulações e atende a diferentes perfis de usuários, incluindo pessoas com mobilidade reduzida. O conforto térmico e visual foi considerado desde o início, com escolhas que equilibram funcionalidade e estética.

O espaço apresenta uma curadoria afetiva que inclui poltronas Luís XV repaginadas com listras vermelhas e brancas, objetos garimpados com valor emocional, obras de arte de novos e consagrados artistas. Arandelas feitas à mão, com materiais naturais, foram criadas exclusivamente para o Estar de Encantos. A luminária pendente Sacurá, assinada por Cris Bertolucci, na cor vermelha, soma-se às obras de José Gonçalves e à icônica cadeira Tajá, de Sergio Rodrigues.

As soluções tecnológicas aparecem de forma sutil e integrada. Torneira Orbe da Deca com tecnologia touchless garantem economia de água e design refinado. A cuba Deca Funstation, com tábuas e tampas de bambu e acessórios variados, organiza e embeleza o dia a dia da cozinha. O sistema de iluminação permite diferentes cenários conforme o uso e o humor do espaço. Fitas de LED dimerizáveis criam ambientações sensoriais, enquanto o tratamento acústico favorece o conforto auditivo.

A iluminação natural é valorizada por grandes aberturas ao longo do hall, em harmonia com uma iluminação artificial em camadas, que combina pontos de foco, difusão e ambientação. A ventilação cruzada é respeitada e, junto a cortinas leves e móveis baixos, garante fluidez visual e conforto térmico. A proposta também incorpora soluções sustentáveis, como revestimentos de baixo impacto, torneiras com controle de vazão, LED com consumo otimizado, mobiliário restaurado e fornecedores comprometidos com responsabilidade socioambiental.

O Estar de Encantos Deca busca equilibrar sensorialidade e desempenho técnico por meio de layout flexível, mobiliário versátil, uso estratégico das cores e integração entre luz, ventilação e acústica.

Bianca Rieg Arquitetura
https://www.instagram.com/birieg/

By Vanessa Loiola
Foto: Fábio Jr Severo