CRIAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA MOVELEIRA: HORA DE REVER CAMINHOS? .

Por Ivo Cansan

CRIAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA MOVELEIRA: HORA DE REVER CAMINHOS? .
CRIAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA MOVELEIRA: HORA DE REVER CAMINHOS? .

A humanidade tem desejos mutáveis. E de fato, todas as nossas ações tem consequências. Da mesma forma como quando uma flecha é lançada e atinge o alvo, a ação jamais retrocederá, bem como a fenda aberta deixará de existir ou sua cicatriz desaparecerá por completo.

 

O mesmo acontece com as decorrências da pandemia da covid-19. Globalmente vultosa e expressiva, suas consequências são inevitáveis na saúde, no cotidiano, na economia, no emocional, na qualidade de vida, no emprego e renda. Sentimos estes efeitos em todo o mundo, desde que as primeiras notícias começaram a ser espalhadas nos “quatro cantos” do planeta.

 

Primeiro a “parada geral” das pessoas, comércio, e das indústrias. (Diga-se de passagem, que os mercados continuavam lotados). Depois, com um passo adiante, a retomada parcial e digital do comércio, e junto dela a explosão da demanda gerada pelo olhar do consumidor para dentro dos seus lares; subsequente, o saldo negativo nos estoques das principais matérias-primas e insumos utilizados na indústria moveleira. A alta constante dos preços. A instabilidade... - São commodities, - nós ouvimos! Hoje, com as lojas físicas abertas há alguns meses, o fato de compartilhar a renda novamente com outros setores como de turismo, alimentação fora de casa, vestuário e lazer por exemplo, traz novas fases de incertezas e adaptações, onde o mercado moveleiro vem lutando bravamente para continuar produzindo, vendendo e competindo. Mas e quanto à fabricação de móveis:  suas características gerais de design e produção atuais, serão mantidas nos próximos anos?

 

O fato é, que as cadeias produtivas em todo o planeta ainda estão sofrendo os impactos de uma pandemia não totalmente sanada. Quando a retomada começava a trazer uma luz no fim do túnel, novos eventos mundiais lançaram mais uma vez, flechas contra a tão conturbada sociedade. Com o advento da guerra na Ucrânia, a crise de insumos que já era grave devido à pandemia se tornou ainda mais desafiadora, contando também com uma grande “pedra no sapato” que tem sido a questão da logística, cada vez mais complexa. A conclusão é que a vida após pandemia jamais será como antes (disto todos concordamos), e logicamente, se as pessoas mudaram; a criação, o desenvolvimento e claro, a forma de produzir móveis também não ficará imune. E olha que não estou falando da cama ecotípica, do designer chinês Arthur Xin, que foi planejada em forma de um berço, onde ao seu redor crescem plantas, que ajudam a purificar o ar do ambiente; nem tampouco do Sofá Nuvem,  desenvolvido pela empresa chinesa D.K. & Wei, que mais parece ter saído de um filme de ficção científica, pois ela flutua no ar!

 

Entendemos sim, que não iremos substituir todas as matérias-primas, mas sim agregaremos novas formas de utilizá-las, possibilitando diferenciais nas peças de cada fabricante. Isto fará com que o consumidor seja atraído pelo novo.

 

Podemos dizer que o móvel deveria já estar enquadrado no mesmo patamar de criação que a moda do vestuário, os eletrônicos e utensílios para a casa em geral. Podemos produzir vestuário para público A e B, onde com certeza teremos muito design e tecnologia, modelos específicos, opções de padrões e tendências adiante do nosso tempo. Tudo isto serve para atrair um público maior capacidade de discernimento neste mundo de consumo ilimitado.

 

Vamos analisar este tema, para  o consumo em massa do vestuário, que  poderia ser analisado perfeitamente fazendo uma relação direta com os móveis, uma vez que o mobiliário em todo o mundo deixou de ser uma utilidade somente, e sim, passou a ser um produto também de  embelezamento, decoração e de satisfação para o uso do dia a dia, trazendo todos  os  benefícios possíveis na ocupação do espaço da casa, independente de qual classe social esteja fazendo uso.

 

Sim, sabemos que criar produtos de alto valor agregado, é, em alguns sentidos, mais fácil, pois podemos inserir matérias-primas de última geração, inovadores, e acabamentos de alta qualidade, ousando de nossa criatividade, sem ter preocupação exacerbada com o seu custo final.

 

Na questão do mobiliário, podemos sim modernizar os produtos de alta demanda, porém, para que isso aconteça, precisamos estar abertos para a inovação e jamais analisar um produto única e exclusivamente pelo preço, peso ou medidas. Fazer chegar a informação ao consumidor dos seus diferenciais em relação aos produtos que estão no mercado, deve ser uma meta!

 

Neste momento precisamos ter em mente que necessitamos da ajuda de um profissional com amplo conhecimento no mercado de design, de varejo e que possa sugerir pequenas mudanças, para transformar seu móvel em objeto de desejo, dentro da capacidade de valor de cada classe social.

 

Analisando a moda do vestuário temos a nitidez que, podemos produzir peças para públicos diferentes, inserindo frações de modernidade neles. Sabemos que o grande volume de consumo do vestuário, não é vendido nas boutiques, mas sim nas grandes redes de varejo. Temos a perfeita visão nestes produtos que existe modernidade, variedades de cores, opções de combinações de materiais e muito design embutido, mesmo que de forma menos custosa, mas existe. Com certeza estes produtos não são realmente similares aos produtos de alto padrão, mas satisfazem a necessidade dos consumidores de menor renda, uma vez que eles alcançam estes produtos, deixando-os muito satisfeitos.

 

Quanto ao mobiliário brasileiro, especialmente os que são produzidos em série, constata-se que já passou da hora de buscar novos caminhos além destes padrões repetidos há décadas, por mais absurdo que pareça para muitos fabricantes, que pensam que continuar fazendo mais do mesmo e com constantes tentativas de diminuir seus custos, é o que os manterá vivos. Não é à toa que tantos líderes de mercado do varejo estão se dispondo a produzir móveis com design diferente do que nós da indústria oferecemos!

 

Quem acreditar e implementar novidades que vão ao encontro dos desejos dos consumidores, certamente chegará antes e poderá sempre conquistar novos mercados e novos consumidores. Afinal, todos somos mutantes. Por que a indústria não seria?

 

Descomplique, desmistifique. Desenvolva. Esvazie-se dos antigos padrões.

 

Entre sonhar e realizar, o futuro da indústria moveleira precisa de sintonia.

 

 

Imagem: divulgação

 

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